Mar de mágoas sem marés |
Là porque ando embaixo agora Rir da gente ninguém pode
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Ary dos Santos - Nuno Nazareth Fernandes |
Oiça lá o senhor vinho,
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Este navio o Gonçalo “Por jà estar muito velhinha Para dar força а Marinha É mais uma fortaleza Ser marinheiro é ser bravo, é ser valente, é amar este cantinho que se aperta sima mão; ser marinheiro é trazer constantemente Portugal todo inteirinho cá dentro do coração. |
Perguntaste-me outro dia
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Como era linda com seu ar namoradeiro E as raparigas d'alta roda que passavam Passaram dias e as meninas do Chiado Da violeteira já ninguém hoje tem esperanças, |
Ai Mouraria da velha rua d´Alfama Ai Mouraria do homem do meu encanto, Ai Mouraria dos rouxinóis nos beirais,
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Lisboa já em sol mas cheira a lua, [Refr] Lisboa cheira aos café do Rossio, [Refr] |
Foi no Domingo passado que passei com cercadura de lata ah voltinhas. |
Eu faço um vistão com a careca ao léu Ó careca, ó careca Eu visto a preceito ando assim liró |
O fado nasceu um dia Quando o vento mal bulia E o céu o mar prolongava Na amurada de um veleiro No peito de um marinheiro Que estando triste cantava Ai que lindeza tamanha Meu chão, meu monte, meu vale De folhas, flores, frutas de oiro Vê se vês terras de Espanha Areias de Portugal Olhar ceguinho de choro Na boca de um marinheiro No frágil barco veleiro Morrendo a canção magoada Diz o pungir dos desejos Do lábio a queimar de beijos Que beija o ar e mais nada Mãe adeus, adeus Maria Guarda bem o teu sentido Que aqui te faço uma jura Que eu te leve à sacristia Ou foi Deus que foi servido Dai-me no mar sepultura Ora eis que embora outro dia Quando o vento nem bulia E o céu o mar prolongava À proa de outro veleiro Velava outro marinheiro Que estando triste cantava |
Não sei, não sabe ninguém que deu luz aos olhos |
Confesso que te amei Fugir do amor tem seu preço De rastos a teus pés Não penses mais em mim Não escrevas mais, nem me encenses |
Não queiras gostar de mim |
Amália quiz Deus que fosse o meu nome Amália acho-lhe um jeito engraçado bem nosso e popular quando oiço alguém gritar Amália canta-me o fado Amália esta palavra ensinou-me Amália tu tens na vida que amar são ordens do Senhor Amália sem amor não liga, tens de gostar e como até morrer amar é padecer Amália chora a cantar! Amália disse-me alguém com ternura Amália da mais bonita maneira e eu toda coração julguei ouvir então Amália p'la vez primeira Amália andas agora à procura Amália daquele amor mas sem fé alguém já mo tirou alguém o encontrou na rua com a outra ao pé e a quem lhe fala em mim já só responde assim Amália? não sei quem é! |
Não namores os franceses
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Aprendi a fazer contas |
Quando ele passa, o marujo Português Quando ele passa com seu alcache vistoso |
Faz da noite confidente
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De tanto ter cantado
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De mãos nos bolso e de olhar distante, |
Quando em Lisboa, o povo me o conhecia O que era o fado eu quis saber E tanto andei e perguntei a quem sabia Que finalmente pude aprender Certo dia, ao passar numa rua em Lisboa Um amigo poeta e cantor Murmurou-me ao ouvido e a medo o segredo Do fado em Lisboa é o amor! O fado veio a Paris Alfama veio a Pigale E até o Sena se queixa de pena Que o Tejo não quis sair de Portugal O fado veio a Paris Alfama veio a Pigale E até San Germain de Fré Já acata o fado em francês! Vim a Paris para cantar e ser fadista Por certo não pensa ninguém Que a mesma história de Lisboa e do fadista Aconteceu aqui também Certo dia ao entrar num Bistrô Pra ouvir a ja-vá, alguém disse bonjour Amalia c´est finit la trouvez le sous crés La chanson de Paris est l´amour!
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Fui ao mar buscar sardinhas |
À noite negra Deu-lhe Deus a cor, Vestir de negro Deu-me por condão, Mas fado negro, Negro fado não Porque o meu luto É sinal de amor. Eu visto negro Porque tenho fé, Eu visto negro Porque creio em Cristo, Ai, negro, negro Por amor me visto, Mas o meu fado Negro não, não é. Ninguém me diga Que não há beleza, Que só há tristeza Quando o negro impera, Porque a andorinha Que Deus fez tão negra Sempre que ela chega Chega a primavera. Porque a andorinha Negra, negra, negra, Negra, negra, negra Traz a primavera Autores: Frei Hermano da Camara |
Caminando sem destino |
Quem dorme а noite comigo? |
No templo que é só do fado A alma é como um jardim Onde as flores dançam de lado Na ventania sem fim Aguentarão, pobrezinhas, As fúrias da natureza? Paixão não é linha recta Nem fado é a certeza O fado é como um jogo Que deus inventou inspirado Se nos pôs cá nesta vida Foi para jogar o fado Na mesa dos sentimentos O coração é um dado E rola com as guitarras E dá um número que é fado O um, o dois e o três, Faces da mesma verdade. O quatro e o cinco já são O jogo da felicidade O número seis é saudade Por ela venho cantar Abriram-me as portas à alma E agora é vê-la dançar |
Eu fui a Feira de Castro
P'ra comprar um par de meias Vim de lá cumas chanatas E dois brincos nas orelhas As minhas ricas tamancas Pediam traje a rigor Vestido curto e decote Por vias deste calor Quem vai a Feira de Castro E se apronta tão bonito Não pode acabar a Feira Sem entrar no bailarico Sem entrar no bailarico A modos que bailação Ai que me deu um fanico Nos braços de um manganão Vai acima, vai abaixo Mais beijinho, mais bejeca E lá se foi o capaho Qu'iludiu me coração E fui a Feira de Castro E vim da Fira de Castro E jurei para mais não... |
Cheguei a meio da vida já cansada De tanto caminhar! já me perdi! Dum estranho país que nunca vi Sou neste mundo imenso a exilada. Tanto tenho aprendido e não sei nada. E as torres de marfim que construí Em trágica loucura as destruí Por minhas próprias mãos de malfadada! Se eu sempre fui assim este mar morto: Mar sem marés, sem vagas e sem porto Onde velas de sonhos se rasgaram! Caravelas doiradas a bailar... Ai quem me dera as que eu deitei ao mar! As que eu lancei à vida, e não voltaram!... |
Do vale à montanha |
Ando na berma Tropeço na confusão Desço a avenida E toda a cidade estende-me a mão Sigo na rua, a pé, e a gente passa Apressada, falando, o rio defronte Voam gaivotas no horizonte Só o teu amor é tão real Só o teu amorâ… São montras, ruas E o trânsito Não pára ao sinal São mil pessoas Atravessando na vida real Os desenganos, emigrantes, ciganos Um dia normal, Como a brisa que sopra do rio Ao fim da tarde Em Lisboa afinal Só o teu amor é tão real Só o teu amorâ… Gente que passa A quem se rouba o sossego Gente que engrossa As filas do desemprego, São vendedores, polícias, bancas, jornais Como os barcos que passam tão perto Tão cheios Partindo do cais Só o teu amor é tão real Só o teu amorâ… |
Mal me quer a solidão
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Composição: Júlio Campos Sousa / Frederico de Brito
Sou do fado |
As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades Só as lembranças que doem Ou fazem sorrir Há gente que fica na história da história da gente e outras de quem nem o nome lembramos ouvir São emoções que dão vida à saudade que trago Aquelas que tive contigo e acabei por perder Há dias que marcam a alma e a vida da gente e aquele em que tu me deixaste não posso esquecer A chuva molhava-me o rosto Gelado e cansado As ruas que a cidade tinha Já eu percorrera Ai... meu choro de moça perdida gritava à cidade que o fogo do amor sob chuva há instantes morrera A chuva ouviu e calou meu segredo à cidade E eis que ela bate no vidro Trazendo a saudade |
Ai as almas dos poetas |
Composição: David Mourão-Ferreira e Pedro Rodrigues Todo o amor que nos prendera |
Horas mortas, noite escura |
Como a água da nascente |
É varina, usa chinela, |
No tempo dos marialvas |
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